sexta-feira, 15 de julho de 2016

VIII JOGOS INDÍGENAS PATAXÓ DE PORTO SEGURO-2014

ALDEIA PATAXÓ DO PÉ DO MONTE RECEBERÁ PROJETOS SUSTENTÁVEL

Trabalhamos, constantemente pensando em buscar autonomia e projetos sustentáveis para as nossas organizações  indígenas e começamos a colher frutos dessa luta através da parceria de prefeitura municipal e governo estadual. Sabemos que os primeiros passos já foram dados,  através do programa do Bahia Produtivo através CAR. Temos  empenhado o máximo para que as politicas públicas chegam em nossas aldeias. Hoje  nos reunimos com o representante da CAR,  em Eunápolis para ver os andamentos das outras associações e assinar o convenio da   Associação Pataxó da Aldeia Pé do Monte, uma grande  conquista para a comunidade,  parabenizar principalmente o  empenho do presidente da associação,  Tohõ Pataxó que  não médio esforços  e sempre acreditou.
E isso que queremos para nossas comunidades:
Autonomia, sustentabilidade e respeito!
Logo teremos mais projetos...

Porto Seguro, 15 de julho de 2016.



sexta-feira, 8 de julho de 2016

UMA CONQUISTA PARA ALDEIA BUJIGÃO

Hoje, estivemos  na Aldeia na Bujigão para fazer a  entregar de seis mil metros de canos  e uma bomba de compreensão, onde atendera  mais de 50 famílias pataxó que vivem na terra indígena de Barra Velha, distrito de Caraíva. Associação de Pescadores da Aldeia Bujigão, vinha reivindicando essa situação ao um bom tempo para os órgãos responsáveis. Hoje podemos  ver a felicidade da comunidade ao  receber as instalações que tanto sonharam.

Gostaria de agradecer aos parceiros que sensibilizaram com a cousa,  principalmente a comunidade que lutaram para esse dia chegar. Muita coisa demanda ainda falta para a comunidade realizar seus sonhos, mas com muita fé chegaremos lá !
Porto Seguro, 08 de julho de 2016.  

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Moção de repúdio à violação dos direitos dos povos indígenas



Nós, pesquisadores indígenas, reunidos com nossos caciques, lideranças e aliados da causa indígena, por ocasião da 3ª  SBPC Indígena no âmbito da 68ª Reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência - SBPC, nos dias 03 a 08 de julho de 2016, em Porto Seguro - BA, vimos a público denunciar, e repudiar, os retrocessos aos direitos dos povos indígenas e expressar a defesa incondicional desses direitos.
 É inadmissível, no âmbito do Estado democrático de direito que sejam violados os direitos originários garantidos tanto na constituição brasileira quanto nos instrumentos jurídicos internacionais dos quais o Brasil é signatário.
Diante do exposto, repudiamos:
     O sistemático desaparelhamento do órgão indigenista - Fundação Nacional do Índio (FUNAI) que ora culmina com a indicação do general Roberto Sebastião Peternelli Junior à presidência do órgão, considerada uma afronta à autodeterminação dos povos indígenas;
     O Projeto de Emenda Constitucional 215 e o Projeto de Lei 1610, por atentarem frontalmente contra os direitos dos povos indígenas;
     O uso da violência policial e os recorrentes assassinatos, que permanecem impunes, de líderes indígenas;
      A criminalização de lideranças indígenas com o uso de prisões temporárias que se estendem por meses, sem audiência de tutela;
     A sistemática negação dos direitos sociais - a educação diferenciada acesso e permanência no ensino superior em todos os níveis, saúde, saneamento básico e água potável - especialmente às comunidades indígenas que se encontram em áreas de conflito e vulnerabilidade, como os Guarani-Kaiowá;
     O descaso e a omissão das autoridades, diante da tragédia socioambiental do Rio Doce, provocada pelas empresas mineradoras – Samarco e Vale – atingindo diretamente a sobrevivência dos povos indígenas Krenak, Tupiniquim e Guarani;
     O não cumprimento da Constituição Federal no que concerne à proteção dos povos indígenas e à demarcação dos seus territórios tradicionais, principalmente nos casos dos Guarani-kaiowá; Pataxó das T.I. de Barra Velha do Monte Pascoal e Comexatiba; e T.I. Tupinambá de Olivença;
     Qualquer tipo de retrocesso aos direitos garantidos constitucionalmente na Educação Escolar Indígena diferenciada, específica, intercultural, bilíngue e comunitária. Expressamos, portanto, pleno apoio aos professores indígenas, defendemos a manutenção de todos os programas voltados à educação escolar indígena, exigindo que o Estado brasileiro, por meio do Ministério da Educação, Secretarias estaduais e municipais de educação, assuma os Territórios Etnoeducacionais e realize a II Conferência Nacional de Educação Escolar Indígena;
     Qualquer tentativa de retrocesso com a implementação da Base Nacional Curricular Comum, em relação às orientações curriculares e às Diretrizes Nacionais da Educação Escolar Indígena Específica e Intercultural, já garantidas em marco regulatório. O governo deverá garantir as especificidades culturais, identitárias e do Bem Viver dos povos indígenas do Brasil;
     A implantação de projetos ou medidas que interfiram nos hábitos, costumes e organização sócio-política dos nossos povos sem a consulta prévia, conforme estabelece a Constituição Federal, a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, a Declaração das Nações Unidas Sobre os Direitos dos Povos Indígenas e a Declaração da Organização dos Estados Americanos sobre os Povos Indígenas.
     A utilização dos meios de comunicação, concessões públicas, para a pregação do ódio, da divisão, do racismo e da discriminação, principalmente contra os povos indígenas. O respeito à diversidade étnica e cultural deve ser balizador das atividades destes meios e qualquer infração deverá ser punida pelo poder público.  Não podemos confundir a liberdade de expressão e de opinião com o direito de atacar a integridade e a honra de cidadãos ou de povos indígenas, a exemplo do que aconteceu recentemente com o povo Maxacali, para o que exigimos reparação;
     Todas as formas de genocídio e violação de direitos, atentados contra a vida, crimes hediondos conforme o Artigo nº 07 da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos povos indígenas, em que se afirma que “os povos indígenas têm o direito coletivo de viver em liberdade, paz e segurança, como povos distintos, e não serão submetidos a qualquer ato de genocídio ou a qualquer outro ato de violência“.
Considerando que tivemos visíveis avanços no campo dos direitos formais nas últimas décadas, nossos povos e lideranças não permitirão que grupos conservadores da sociedade brasileira retirem e anulem tais direitos, conquistados à custa de muita luta nossa e dos nossos antepassados. Os avanços conquistados pelos nossos povos são, também, o avanço da sociedade nacional à qual pertencemos.  Nossos direitos são a busca da superação de uma subalternidade cultural e econômica imposta pelo sistema colonizador sobre nossos povos e por extensão a toda a população brasileira.  Não há recuo possível!  Não há golpe que consiga impor ao povo brasileiro o retrocesso à sua dignidade e, aos povos indígenas, a redução dos seus direitos.


quinta-feira, 30 de junho de 2016

IV JOGOS DOS POVOS INDÍGENAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS 2016

Cerca de 600 indígenas participam da competição que promove intercâmbio entre diferentes aldeias e fortalece a identidade das etnias
29 de Junho de 2016 , 16:07
Entre os dias 30 de junho e 03 de julho, a reserva indígena Maxakali Aldeia Verde, localizada no município de Ladainha, no Vale do Mucuri, receberá a 4ª Edição dos Jogos dos Povos Indígenas de Minas Gerais. O evento é aberto ao público e viabilizado pela parceria das secretarias de Estado de Esportes (SEESP), de Educação (SEE), de Trabalho e Desenvolvimento Social (SEDESE) e de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania (SEDPAC) com a Prefeitura de Ladainha. A solenidade abertura do evento está prevista para o dia 1º de julho, das 8h às 12h, com apresentações culturais e pronunciamento de autoridades.
O convênio entre os entes prevê o repasse de R$ 304.525,80 mil por parte da SEESP e SEE e uma contrapartida de R$ 5.988,40 por parte da Prefeitura de Ladainha para a realização da competição e reforma de um casarão situado dentro da Aldeia, tal legado tem a finalidade de melhor atender a comunidade em suas atividades. A SEDPAC e a SEDESE atuam na articulação para a organização do evento.
Participam dos Jogos Indígenas cerca de 600 indígenas a partir dos 15 anos de idade. Estarão em disputa as modalidades Derruba o Toco, Arco e Flecha, Cabo de Guerra, Zarabatana, Corrida do Maracá, Bodok, Arremesso de Lança e Futebol (leia mais no final do texto). Os três primeiros colocados em cada modalidade receberão troféus tradicionais, produzidos pelos próprios indígenas.
Durante os Jogos, será realizada feira de artesanato indígena, exposição fotográfica e outras atividades culturais.
Para o secretário de Estado de Esportes, Carlos Henrique Alves da Silva, o apoio à competição possui interesse público relevante, pois democratiza a prática esportiva e valoriza a identidade cultural dos povos indígenas de Minas Gerais. “Mais do que a prática esportiva, os jogos marcam a celebração de culturas e a valorização dos povos indígenas. Logo, buscaremos contemplar, cada vez mais, o esporte e as modalidades peculiares de cada comunidade em nossas ações, para atender da melhor forma toda a população mineira, sem distinções”, afirmou.
Já a coordenadora de Educação Escolar Indígena da SEE, Célia Xakribá, destaca que os jogos representam não apenas uma modalidade esportiva, mas o fortalecimento e a expressão cultural da identidade de um povo. “Esse é um momento que representa todo o significa da cultura e do sentimento de pertencimento de um povo. Todas as modalidades esportivas e a apresentação do ritual vêm para fortalecer essa nova experiência que bebe na fonte dos antepassados , mas também das novas gerações”.
Esta será a quarta edição dos jogos. A primeira foi recebida pelo Povo Xacriabá, em São João das Missões, em 2012. A segunda edição aconteceu na Aldeia Guarani Pataxó, em Carmésia, e a terceira, foi recebida pelos Krenak de Resplendor, em 2013 e 2014, respectivamente. O secretário de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania, Nilmário Miranda, ressalta a importância do evento para a valorização e o protagonismo da cultura indígena. “Nos jogos indígenas não prevalece a competição, o ‘vencer ou vencer’. É jogar pelo prazer de jogar. Os objetivos são a arte do encontro, da participação, a busca da autoestima e a luta permanente para sair da invisibilidade”, afirma.

A competição
Os Jogos dos Povos Indígenas do Estado de Minas Gerais acontecem desde 2012 e têm como objetivo promover o esporte socioeducacional nas aldeias indígenas mineiras como instrumento de fortalecimento da identidade das culturas tradicionais, estimulando valores originais e intercâmbio entre as etnias para a promoção da cidadania indígena. A realização dos Jogos constitui uma significativa oportunidade de valorização e fortalecimento da identidade das etnias indígenas residentes em Minas, uma vez que promove o encontro e articulação entre as mais diversas comunidades.
Várias localidades no Brasil promovem jogos regionais indígenas. Desde 1996 são realizados os Jogos Brasileiros que estão em sua 13ª edição. Já em 2015, foi realizada a primeira edição dos Jogos Mundiais Indígenas em Palmas, Tocantins. Indígenas de 22 países e 24 etnias brasileiras participaram do evento.
Modalidades disputadas
1. Derruba o Toco (equipes de 03 guerreiros): É montado um círculo com diâmetro de 3 metros, onde todos os guerreiros lutarão. Não é permito o uso de violência, e o guerreiro que utilizar golpes distintos do “agarramento” será desclassificado. O campeão será aquele que conseguir forçar o seu adversário à derrubar o toco. A Equipe vencedora será a que conseguir somar o maior número de vitórias.
2. Arco e Flecha (03 guerreiros): É montado um alvo com distância de 30 metros do guerreiro. O competidor que acertar o alvo mais vezes em três chances será o campeão. Na modalidade feminina a distância será de 15 metros.
3. Cabo de Guerra (equipes de 10 guerreiros): Uma equipe de cada lado puxa uma corda, buscando arrastar a equipe adversária até seu campo. A Equipe conseguir arrastar o adversário para o seu campo será o vencedor da prova.
4. Zarabatana (03 guerreiros): De posse da Zarabatana, os guerreiros masculinos tentarão acertar o alvo na distância de 15 metros e as guerreiras femininas tentarão acertar o alvo na distância de 07 metros.
5. Corrida do Maracá (equipes com no mínimo 10 guerreiros): A corrida com maracá é composta por no mínimo 10 atletas onde cada um percorre uma distância de 100 metros, sendo 50 metros de volta, ao retornar o guerreiro irá passar o maracá para seu companheiro de equipe que fará o mesmo percurso. Ganha a equipe que completar em menos tempo. Para as mulheres a corrida será de 50 metros, sendo 25 metros de ida e 25 metros de volta. Lembrando que não é permitido que o Maracá caia.
6. Bodok (03 guerreiros): Os guerreiros terão que acertar o alvo numa distância de 15 metros. São três chances de acerto. Aquele que acertar será o campeão, caso haja vários acertos os mesmos continuarão a jogar até que um apenas acerte o alvo.
7. Arremesso de Lança (03 guerreiros): Aquele que arremessar a lança em maior distância será o vencedor da prova.
8. Futebol: As regras do futebol serão as mesmas aplicadas no futebol convencional.

Programação dos IV Jogos dos Povos Indígenas de Minas Gerais
30/06- Início das atividades
Chegada das etnias à aldeia
12:00 as 13:00 - Almoço
13:00 as 20:30 -Acomodação dos indígenas
20:30 as 21:30 - Jantar
01/07- Jogos Indígenas
07:00 as 08:00 - Café da manhã
08:00 a 12:00 – Solenidade de abertura e danças culturais das etnias participantes
12:00 as 13:00 - Almoço
13:00 as 17:00 - Execução das modalidades esportivas
20:30 as 21:30 - Jantar
02/07- Jogos Indígenas
07:00 as 08:00 - Café da manhã
08:00 a 12:00 - Execução das modalidades esportivas
12:00 as 13:00 - Almoço
13:00 as 17:00 - Execução das modalidades esportivas
20:30 as 21:30 - Jantar
03/07- Finalização das atividades
07:00 as 08:00 - Café da manhã
08:00 as 12:00 - Premiação e encerramento.
12:00 as 13:00 - Almoço
Saída das etnias da aldeia.
Clique aqui e tenha acesso ao folder do evento.

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Criança indígena de oito anos é queimada viva por madeireiros


Os madeireiros que cobiçam o território dos awa-guajá em Arame não cessam um dia de ameaçar, intimidar e agredir os índios

Enquanto a criança – da etnia awa-guajá – agonizava, os carrascos se divertiam com a cena.
O caso não vai ganhar capa da Veja ou da Folha de São Paulo. Não vai aparecer no Jornal Nacional e não vai merecer um “isso é uma vergonha” do Boris Casoy.
Também não vai virar TT no Twitter ou viral no Facebook.
Não vai ser um tema de rodas de boteco, como o cãozinho que foi morto por uma enfermeira.
E, obviamente, não vai gerar qualquer passeata da turma do Cansei ou do Cansei 2 (a turma criada no suco de caranguejo que diz combater a corrupção usando máscara do Guy Fawkes e fazendo carinha de indignada na Avenida Paulista ou na Esplanada dos Ministérios).
Entretanto, se amanhã ou depois um índio der um tapa na cara de um fazendeiro ou madeireiro, em Arame ou em qualquer lugar do Brasil, não faltarão editoriais – em jornais, revistas, rádios, TVs e portais – para falar da “selvageria” e das tribos “não civilizadas” e da ameaça que elas representam para as pessoas de bem e para a democracia.
Mas isso não vai ocorrer.
E as “pessoas de bem” e bem informadas vão continuar achando que existe “muita terra para pouco índio” e, principalmente, que o progresso no campo é o agronegócio. Que modernos são a CNA e a Kátia Abreu.
A área dos awa-guajá em Arame já está demarcada, mas os latifundiários da região não se importam com a lei. A lei, aliás, são eles que fazem. E ai de quem achar ruim.
Os ruralistas brasileiros – aqueles que dizem que o atual Código Florestal representa uma ameaça à “classe produtora” brasileira – matam dois (sem terra ou quilombola ou sindicalista ou indígena ou pequeno pescador) por semana. E o MST (ou os índios ou os quilombolas) é violento. Ou os sindicatos são radicais.
Os madeireiros que cobiçam o território dos awa-guajá em Arame não cessam um dia de ameaçar, intimidade e agredir os índios.
E a situação é a mesma em todos os rincões do Brasil onde há um povo indígena lutando pela demarcação da sua área. Ou onde existe uma comunidade quilombola reivindicando a posse do seu território ou mesmo resistindo ao assédio de latifundiários que não aceitam as decisões do poder público. E o cenário se repete em acampamentos e assentamentos de trabalhadores rurais.
Até quando?
Atualização
CIMI CONFIRMA ASSASSINATO DE CRIANÇA INDÍGENA
O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) confirmou a informação que uma criança da etnia Awá-Gwajá, de aproximadamente 8 anos, foi assassinada e queimada por madeireiros na terra indígena Araribóia, no município de Arame, distante 476 km de São Luis. A denúncia feita pelo Vias de Fato, foi postada logo após receber um telefonema de um índio Guajajara denunciando o caso.
De acordo com Gilderlan Rodrigues da Silva, um dos representantes do CIMI no Maranhão, um índio Guajajara filmou o corpo da criança carbonizado. ”Os Awá-Gwajás são muito isolados, e madeireiros invasores montaram acampamento na Aldeia Tatizal, onde estavam instalados os Awá. Estamos atrás desse vídeo, ainda não fizemos a denúncia porque precisamos das provas em mãos” disse Gilderlan.

Indígena de 81 anos aprende a usar computador e cria dicionário para salvar seu idioma da extinção


12 de novembro de 2015


Conheça Marie Wilcox, uma bisavó de 81 anos e a última pessoa no mundo fluente no idioma Wukchumi. O povo Wukchumi costumava ter uma população de 50.000 pessoas antes de terem contato com os colonizadores, mas agora são somente 200 pessoas vivendo no Vale de São Joaquim, na Califórnia. Sua linguagem foi morrendo aos poucos a cada nova geração, mas Marie se comprometeu com a tarefa de revivê-la, aprendendo a usar um computador para que conseguisse começar a escrever o primeiro dicionário Wukchumni. O processo levou sete anos, e agora que terminou ela não pretende parar seu trabalho de imortalizar sua língua nativa.
O documentário “Marie’s Dictionary”, disponível no Youtube, nos mostra a motivação de Marie e seu trabalho árduo para trazer de volta e registrar um idioma que foi quase totalmente apagado pela colonização, racismo institucionalizado e opressão.

No vídeo, Marie admite ter dúvidas sobre a gigantesca tarefa que ela se comprometeu: “Eu tenho dúvidas sobre minha língua, e sobre quem quer mantê-la viva. Ninguém parece querer aprender. É estranho que eu seja a última… Tudo vai estar perdido algum dia desses, não sei”.

Mas com sorte, esse dia ainda vai demorar. Marie e sua filha Jennifer agora dão aulas para membros da tribo, e trabalham num dicionário em áudio para acompanhar o dicionário escrito que ela já criou.

Matéria publicada no Site do QGA

Assista o vídeo no Youtube

www.youtube.com/watch?v=iRDmRXCizEM










terça-feira, 28 de junho de 2016

Argentinos vêm de bike ao Brasil e produzem documentário sobre tribo indígena Pataxó

Por João Reis e João Miranda 

Fotos: Divulgação / En Cleta Vamos 

Quando alguns jovens amigos decidiram combinar seus conhecimentos e experiências para trabalhar em um projeto nômade, mal imaginavam que no percurso que fariam pelas terras brasileiras encontrariam tamanha riqueza cultural. 

Desde dezembro de 2014 o coletivo En Cleta Vamos está viajando o Brasil em cima de suas bicicletas, desbravando e conhecendo diversos territórios indígenas do nosso país. Iniciaram a viagem no Rio de Janeiro, passando por Minas Gerais, Espirito Santo, Bahia e o nordeste brasileiro, terminando a jornada saindo pela fronteira com a Venezuela. 

Nessa longa viagem, visitaram a Reserva da Jaqueira, localizada a 13 km ao norte de Porto Seguro, na Bahia. São mais de 30 famílias da etnia Pataxó que vivem para manter sua cultura e preservar os 827 hectares de Mata Atlântica que ainda restam no local. E da convivência entre os argentinos e os indígenas, veio a criação do documentário Konehõp Upu Ibá – Os Filhos da Mata. 

Após a produção do filme, a viagem deveria seguir em frente. A cada cidade que o coletivo parava para se estruturar, propunham um cine-debate com os moradores da região. Eles acreditam que através de diferentes manifestações artísticas e de intercâmbio cultural, é possível contribuir com um processo de mudança para a sociedade. 

Agora o En Cleta Vamos está em São Paulo, e vai exibir o documentário esta quinta-feira (30), em Pinheiros. Para saber sobre outras futuras exibições, conheça a página do coletivo no Facebook. 

O FILME 



Revelando as causas e consequências do massacre dos Pataxós no ano de 1951, o documentário mostra o processo de homologação e demarcação do território indígena e a criação da escola com educação diferenciada dentro da aldeia. Além disso, explora-se as tradições e costumes dos Pataxós em seu dia-dia na Reserva, expondo suas pinturas corporais, a cozinha comunitária, seus rituais, sua vestimenta e até a procura de lenha para as fogueiras da tribo. O documentário também enfatiza a importância das mulheres na construção de sua comunidade. 

Após a exibição do doc, o coletivo En Cleta Vamos convida a todos para uma roda de conversa sobre o filme com os integrantes do grupo.

Confirme presença no evento CLICANDO AQUI.

Associação das Mulheres Yanomami realiza a primeira assembleia em Maturacá



Foi histórico. Foi pela primeira vez que as Mulheres Yanomami tiveram um espaço exclusivamente delas para debater problemas, dificuldades e elaborar seus planos de trabalho em uma assembleia. A I Assembleia das Mulheres Yanonamis Kumirãyõma, aconteceu nos dias 21 a 23 de junho de 2016,realizou-se a Maturacá da região de Cauburis. Cerca de 60 participantes, entre estes lideranças locais, jovens, crianças e especialmente as mulheres Yanomamis das comunidades Nazaré, Ayarí e da comunidade local, debateram temas de interesse como o fortalecimento da participação das mulheres Yanomamis no movimento indígena do Rio Negro, a inclusão dos conhecimentos relacionados a confecção de artesanatos no espaço escolar e principalmente a contribuição delas nas ações de sustentabilidade e geração de renda para as comunidades.
Outro tema importante discutido foi o manejo dos recursos utilizados para a produção dos artesanatos, que aos poucos vem se fortalecendo desde que a associação deles foi criado há quase um ano (que foi criado justamente com esse objetivo – fortalecer e organizar a produção das mulheres Yanomamis).
Oficinas de artesãos e intercâmbios com outras experiências no âmbito do Rio Negro também foi considerado fundamental para fortalecer a iniciativa de comercialização de artesanatos. 
“Esse trabalho (a realização da primeira assembleia) é resultado de uma luta e trabalho incansável que as mulheres tem feito”, disse cacique Júlio Góes Yanomami, que participou do evento e incentivou as mulheres Yanomami continuarem firmes no trabalho.
A FOIRN marcou presença através da vice-coordenadora do Departamento de Mulheres, Francinéia Fontes e Leonéia Nogueira – gerente da Loja Wariró.
“É muito bom ver as mulheres Yanomami se organizando através de organização e o interesse delas em fortalecer e valorizar a cultura deles, participar e ser protagonistas de ações que contribuem na sustentabilidade e geração de renda de suas comunidades. E o melhor nisso tudo é que elas  usam sua arte como identidade para se  apresentar ao mundo e conquistar seu espaço. E elas tem muita vontade em querer conhecer mais e participar da luta pelos direitos indígenas”, afirma Francinéia.
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Para a realização da assembleia, a associação das mulheres Yanomami contou com parceria e apoio da CR Rio Negro da Fundação Nacional do Indio (Funai), Embaixada Real da Noruega (no âmbito do projeto Fortalecimento da FOIRN) e Rainforest Foundation (no âmbito do Projeto Direitos Indígenas).
A FOIRN através da CAIMBRN ( Coordenadoria das Associações Indígenas do Médio e Baixo Rio Negro), representado pelo vice -coordenador Andrônico Benjamim, fez parte diretamente na organização e realização da primeira assembleia da  Kumirãyõma, associação das mulheres Yanomami, da região de Cauburis, Terra Indígena Yanomami.
A assembleia contou com algumas colaboradoras: Luciana/ICMBIO, Maryelle/UFAM, Mariane/UFPE, Beatriz/IFAM.
Fotos: Francinéia Fontes/FOIRN

A aranha vive do que tece

O contexto etnográfico

1Os Pataxó são um povo indígena que, dentre os muitos que habitavam a Bahia no século XVI, resistiu a uma série de tentativas de eliminação física desfechadas desde a chegada dos primeiros europeus ao Brasil. Atualmente, constitui uma população de aproximadamente quinze mil indivíduos distribuídos em trinta e seis aldeias, sendo seis no estado de Minas Gerais, nos municípios de Carmésia (Sede, Retirinho e Imbiruçu); Arassuaí (Aldeia Jundiba); Açucena (Aldeia Jeru Tukumã); e Itapecerica (Aldeia Moãmimati); e trinta no estado da Bahia, concentradas na porção do extremo sul, nos municípios do Prado - Tawá, Cravero, Àguas Belas, Corumbauzinho, Cahy, Alegria Nova, Monte Dourado, Maturembá, Tibá e Pequi ; Itamaraju - Trevo do Parque; Porto Seguro - Juerana, Aldeia Velha, Imbiriba, Xandó, Bujigão, Barra Velha, Pará, Campo do Boi, Meio da Mata, Boca da Mata, Cassiana, Pé do Monte, Jitaí, Guaxuma e Aldeia Nova; e Santa Cruz Cabrália - Coroa Vermelha, Aroeira, Mata Medonha e Nova Coroa (Figura 1). Há também famílias pataxós que vivem em áreas urbanas, principalmente nas cidades mais próximas às aldeias.
1 Mapa elaborado por Juari Braz.
Figura 1. Mapa das aldeias do povo Pataxó localizadas no extremo sul da Bahia.1

O presente artigo é baseado na minha dissertação de mestrado intitulada “Arte e Identidade: adornos corporais Pataxó”, fruto de uma pesquisa etnográfica realizada entre 2010 e 2012, junto ao povo Pataxó do Extremo Sul da Bahia. Ele descreve os adereços pataxó, destacando os processos de aprendizagem, produção, comercialização e circulação entre as aldeias, e apresenta também uma pequena mostra da variedade existente.


Referencia en papel

Arissana Braz Bomfim de Souza, « A aranha vive do que tece », Cadernos de Arte e Antropologia, Vol. 2, No 2 | -1, 13-29.

Referencia electrónica

Arissana Braz Bomfim de Souza, « A aranha vive do que tece », Cadernos de Arte e Antropologia [En línea], Vol. 2, No 2 | 2013, Publicado el 01 octubre 2013, consultado el 28 junio 2016. URL : http://cadernosaa.revues.org/413http://cadernosaa.revues.org/413 ; DOI : 10.4000/cadernosaa.413
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Autor

Arissana Braz Bomfim de Souza

Mestre em Estudos Étnicos e Africanos pela Universidade Federal da Bahia. Professora na Escola Indígena Pataxó Boca da Mata.
arissana_braz@yahoo.com.br

Notícias IBGE lança Atlas Nacional Digital do Brasil 2016 com caderno temático sobre indígenas e mapas interativos

Publicado em 28 Junho 2016
O IBGE lançou ontem, 27, o Atlas Nacional Digital do Brasil 2016, que incorpora as informações contidas no Atlas Nacional do Brasil Milton Santos, publicado em 2010, acrescidas de 170 mapas com informações demográficas, econômicas e sociais atualizadas. A publicação traz um caderno temático sobre a população indígena no Brasil, com mapeamento inédito sobre a localização dessa população dentro e fora das terras indígenas.


O aprimoramento do Censo Demográfico 2010 permite análises regionais das informações através do um amplo cruzamento de dados sociodemográficos. A população indígena que vivia em terras indígenas oficialmente reconhecidas na época de sua realização, por exemplo, era de 517,4 mil indígenas, e os maiores percentuais estavam nas regiões Norte (73,5%) e Centro-Oeste (72,5%). Roraima era o estado com o maior percentual (83,2%) e o Rio de Janeiro detinha a menor proporção (2,8%).

As línguas indígenas eram faladas em maior porcentagem nas regiões Norte, Sul e Centro-Oeste, sendo que as terras indígenas localizadas nessa última região alcançaram o percentual mais elevado, 72,4%.

Além do recurso ao texto escrito, o Atlas utiliza mapas, tabelas e gráficos e se estrutura em torno de quatro grandes temas: o Brasil no mundo; Território e meio ambiente; Sociedade e economia; e Redes geográficas.

O Aplicativo permite navegação em ambiente interativo e o usuário pode ter acesso a todas as páginas da publicação, podendo fazer download e consultar os seus dados geográficos, estatísticos e seus metadados (informações sobre o dado).

Clique aqui para ter acesso ao Atlas Nacional Digital do Brasil 2016.

Com informações do IBGE.



Jornal inglês cita genocídio indígena em MS e ilustra com acampamento em Dourados


André Bento
contato@94fmdourados.com.br


Lunae Parracho/Reuters
Jornal inglês cita genocídio indígena em MS e ilustra com acampamento em Dourados
Acampamento improvisado às margens da BR-463 foi retratado na reportagem publicada hoje pelo jornal inglês The Guardian






Um dos principais e mais influentes veículos de comunicação do mundo, o jornal inglês The Guardian publicou nesta quarta-feira (18) uma reportagem na qual Mato Grosso do Sul é apontado como palco de um genocídio indígena. Assinada pelo editor de meio ambiente John Vidal, a publicação é ilustrada com imagens e personagens índios que vivem num acampamento improvisado em Dourados, às margens da BR-463, que liga o município a Ponta Porã.
A reportagem aponta a ocorrência frequente de suicídios entre índios guaranis e elenca a perda de terras ancestrais como motivo. Com base no depoimento do indígena Tonico Benites Guarani, citado como antropólogo e líder do acampamento Apy Ka'y, montado em 2009 às margens da rodovia federal que liga Dourados a Ponta Porã, a publicação fala em ataques de pistoleiros e omissão da Justiça, além de preconceito contra comunidades tradicionais em todo o Estado.
A fotos que ilustram a matéria foram todas feitas em Dourados. Além de uma mulher indígena com o filho no colo dentro de um improvisado barraco às margens da BR-463 – no acampamento onde vivem 150 pessoas -, são retratados Tonico Benites e uma plantação descrita como de cana que, segundo a publicação, incide sobre território reivindicado pelos guaranis. 
Para ler a reportagem do The Guardian no site do jornal basta clicar aqui. Abaixo você pode conferir a publicação traduzida na íntegra.

ATÉ O COMEÇO DO SÉCULO PASSADO, BUGREIROS ERAM PAGOS PELO GOVERNO E POR EMPRESAS DE COLONIZAÇÃO PARA CAPTURAR E, EM MUITOS CASOS, MATAR AQUELES QUE ERAM CONSIDERADOS UMA “AMEAÇA À CIVILIZAÇÃO”: OS INDÍGENAS, PRINCIPALMENTE OS XOCLENGUES ENCONTRADOS NO ALTO VALE DO ITAJAÍ


TEXTO | CAROL MACÁRIO
caroline.macario@diariocatarinense.com.br


“O corpo é que nem uma bananeira, corta macio.”
Depoimento do ex-bugreiro Ireno Pinheiro
ao antropólogo Silvio Coelho dos Santos em 1972

Antes de deitar, os índios xoklengues penduravam as armas de caça e guerra nos galhos das árvores. Deitavam no chão, protegidos apenas por uma cobertura de folhas nas noites de chuva. Prestes a amanhecer, entravam em sono mais profundo. Era nessa hora que os bugreiros atacavam. De tocaia na mata, grupos de oito a 15 homens cercavam o acampamento. Primeiro cortavam os arcos para impedir reação. Disparavam então tiros de escopeta, para causar pânico, e o resto do serviço era feito no fio do facão: rasgavam a carne de homens e mulheres com navalhas afiadas, na barriga, nas costas, na garganta. Crianças eram jogadas para o alto para que caíssem na ponta do facão. As orelhas eram cortadas. Cada par tinha um preço, mas a orelha esquerda era a que valia para comprovar a eficiência da caçada e não deixar dúvidas da quantidade de bugres abatidos.
Em nome do progresso, o povo Laklanõ-Xokleng por pouco não foi exterminado em Santa Catarina. Até 1914, os indígenas eram alvo de caçadas estimuladas e bem pagas pelo governo e empresas privadas de colonização por serem considerados uma “ameaça à civilização”.
Crianças e mulheres poupadas da chacina eram levadas para os centros urbanos. Blumenau foi um dos maiores palcos desse circo de horrores. Na colônia, os bugreiros desfrutavam de prestígio e apoio da sociedade amedrontada pelos “silvícolas”. O caso parece pertencer a um passado remoto, mas até 100 anos atrás a matança era legalizada no Brasil.
Pelo menos 4 mil anos antes da chegada dos primeiros imigrantes europeus ao Brasil, em 1824, os Laklanõ-Xokleng – denominação popularizada pelo etnólogo e antropólogo Silvio Coelho dos Santos (1938-2008), principal pesquisador da etnia – já ocupavam o território que vai de Porto Alegre a Paranaguá (PR). Conhecidos também como botocudos por usarem um enfeite no lábio inferior, eles perambulavam pela região do Vale do Itajaí e Serra Geral e a rota variava de acordo com as necessidades alimentares.
A disputa pelo território já era travada entre os próprios subgrupos xoklengues e era secular entre os guaranis e caingangues. Mas a chegada dos não índios mudou para sempre a situação. Acossados pela transformação do território, passaram a atacar os colonos. O contra-ataque foi sangrento: “Bugreiro, ou, mais explicitamente, caçador de índios, foi assim uma profissão criada e necessária ao capitalismo em expansão nesta parte da América”, escreveu Coe­lho dos Santos no livro Índios e Brancos no Sul do Brasil (1988).
A história desse genocídio mobilizou a comunidade científica internacional, envergonhou o Brasil aos olhos do mundo e resultou na primeira demarcação do país, a Terra Indígena Ibirama, há exatos 90 anos.

Violência autorizada pelo governo

Já na Carta Régia de 1808, Dom João VI afirmava que a guerra aos indígenas estava declarada e quem atrapalhasse a civilização deveria ser combatido.
-Com a Lei de Terras de 1850 a situação indígena se agravou, porque tornou devoluta toda a terra que não tivesse escritura – conta o historiador Rafael Casanova Hoerhann.
A Lei de Terras abriu as portas para os imigrantes que chegavam aos milhares a Santa Catarina. São Pedro de Alcântara recebeu a primeira leva de alemães em 1829. A partir de 1850 o número aumentou. A colônia Blumenau era chamada Hamônia e ocupava toda a área onde hoje é o Vale do Itajaí. Foi a região que recebeu o maior número de imigrantes no Estado.

-As empresas colonizadoras preparavam o terreno para a inserção do colono na região. Eram organizações privadas estrangeiras, que vinham da Alemanha para preparar os lotes. Essas empresas tinham parceria com o governo brasileiro. A Sociedade Colonizadora Hanseática foi uma delas – diz o historiador e pesquisador Dioney Sartor, responsável pelo Arquivo Público Municipal de Ibirama.


Aonde o branco chegou, chegaram também as cercas. As florestas do Vale do Itajaí deram lugar às cidades, às estradas, às fazendas dos colonos e aos empreendimentos madeireiros. Tendo que disputar a caça, o palmito e o pinhão com os novos moradores, os xoklengues assaltavam as propriedades e matavam o gado, quando não os próprios colonos.


– Na Europa se fazia a propaganda de que no Brasil havia terra fértil, boa para plantar e criar gado. Com os ataques, as empresas passaram a reportar o que acontecia para os governos alemão e italiano, que pressionavam o governo brasileiro: “Se vocês querem ocupar a terra, é preciso tomar providências” – conta Hoerhann.


A providência foi afugentar. Os responsáveis pela província e as colonizadoras contratavam patrulhas para percorrer a mata e espantar os indígenas. Em 1880, o governo provincial relatava com a maior simplicidade que “para afugentar os índios, tomaria as medidas de costume: recorrer aos batedores de mato”, conforme narra o antropólogo Coelho dos Santos. O Jornal do Commercio, de Florianópolis, publicou em várias oca­siões pedidos de dinheiro para pagamento a vaqueiros para “que batam as matas e afugentem os silvícolas”.


MAIS DE MIL ASSASSINADOS EM DEFESA DOS COLONOS


As tropas de bugreiros eram formadas por oito a 15 homens. Quase todos caboclos, geralmente parentes, e com muito conhecimento do território. O mais célebre deles foi Martinho Marcelino de Jesus, o Martinho Bugreiro, nascido em Bom Retiro em 1876. Ele vivia da criação de gado, mas no fundo era um aventureiro:


– Além disso era uma atividade que dava prestígio – ressalta Hoerhann.


As histórias sobre Martinho Bugreiro viraram lenda. Uma delas é sobre a vez que foi chamado para prestar esclarecimentos a respeito do assassinato de 100 indígenas. Ele mesmo respondeu: “Deve haver algum engano. Em defesa dos colonos e de suas propriedades eu matei mais de mil índios”.


MITO DA SELVAGERIA DESFEITO EM CONGRESSO

Quando não mortas, as crianças eram capturadas pelos bugreiros, exibidas nas cidades e encaminhadas para orfanatos e conventos. Uma delas foi adotada em Blumenau pelo médico alemão Hugo Gensh. Batizada Maria Korikrã, a menina de nove anos foi educada nas línguas alemã, francesa e português e sabia tocar piano.

A experiência como pai de uma criança indígena foi narrada por Gensh numa monografia. O que o médico queria era desfazer o mito da selvageria e provar que ela era uma pessoa normal como qualquer outra.


O texto foi apresentado num congresso americanista em 1908 e deixou a comunidade científica chocada. Também andava por Santa Catarina na época o aventureiro e etnógrafo checo Albert Vojtech Fric, que terminou por revelar ao resto do mundo as atrocidades dos bugreiros.


A denúncia de Fric causou alvoroço. Envergonhado, o Brasil criou finalmente o Serviço de Proteção aos Índios (SPI) em 1910. Na teoria, era uma tentativa de reduzir os conflitos e nacionalizar as comunidades existentes. Na prática, serviu para garantir a segurança dos colonos.


– Os conflitos se davam com os xoklengues porque eles ainda viviam dentro de suas tradições. Os guaranis e os caingangues já estavam integrados à sociedade. Não dava mais para continuar matando. Havia pessoas aqui para contar lá fora. O Brasil ficou numa cilada: como proteger agora os índios se em 300 anos não tinha conseguido se aproximar deles? – afirma Hoerhann.


Os primeiros funcionários do SPI em Santa Catarina foram militares e por aqui não tiveram sucesso. Dois anos depois chegaram civis. Um deles foi o gaúcho Raul Abbot, que já tinha experiência de contato com os caingangues. Mas ele desistiu, primeiro porque não conseguia encontrar os índios e, em segundo lugar, porque tinha medo de ir para o mato.


É aí que começa a história do herói da pacificação e, ao mesmo tempo, o responsável pela gradual extinção de saberes tradicionais dos indígenas: Eduardo de Lima e Silva Hoerhann.
Fontes: Do Site do Nós

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